Um Adeus Inesperado



O ambiente de trabalho sempre nos apresenta um mosaico de rostos conhecidos, colegas que caminham lado a lado conosco em nossa jornada profissional. Alguns se tornam amigos próximos, enquanto outros permanecem como meros conhecidos, com quem compartilhamos apenas breves momentos de interação. Foi assim com um colega de trabalho, alguém que cruzou meu caminho e compartilhou comigo o corredor da mesma diretoria durante dois anos. Em raras ocasiões fizemos algum trabalho conjunto ou participamos de reunião para algum projeto que tivemos alguma participação.

Eu não sabia muito sobre a vida dele fora do trabalho. Sei que tinha uma idade similar a minha e estávamos como “amigos” no Facebook. Ele não tinha o hábito de publicar. Às vezes eu via que ele curtia algumas postagens minhas, principalmente algumas que são específicas para um público bem restrito. Talvez tivéssemos algo mais em comum do que eu soube. Talvez eu devesse ter conversado mais com ele, ter conhecido melhor a pessoa que ele era.

Foi dessa forma, por meio do Facebook, que recebi a notícia do seu falecimento, através de uma publicação de um “amigo” em comum.

É curioso como a morte nos confronta com a fragilidade da existência. A vida, por mais rotineira e comum que possa parecer, é um fio tênue que pode se romper a qualquer momento. E quando isso acontece, somos lembrados de nossa própria finitude, de como estamos todos sujeitos a esse destino inevitável.

Não é a primeira vez que vejo conhecidos partir, e ultimamente tenho visto muitos, principalmente através das redes sociais. Uma sombra de pesar percorre minha mente quando cada notícia surge. Por um instante, mergulho em reflexões sobre minha própria mortalidade, imaginando quando e como será o meu próprio fim. Mas a vida logo me chama de volta à realidade, lembrando-me de que ainda tenho tempo para aproveitar, crescer e me aprimorar.

Enquanto lamento a partida silenciosa desse colega, percebo a importância de valorizar cada momento. As pessoas ao nosso redor, mesmo aquelas com quem não temos uma intimidade profunda, deixam marcas em nossas vidas. São como estrelas cadentes que cruzam nosso céu noturno, iluminando por um breve instante o trajeto que percorremos juntos.

Hoje, eu carrego comigo a memória desse colega, das poucas palavras trocadas, dos momentos compartilhados. Seu adeus me ensina que cada encontro, por mais breve que seja, é uma oportunidade de conexão e de aprendizado.

À medida que as notícias de despedidas inesperadas continuam a chegar, escolho honrar a memória daqueles que se foram, vivendo cada dia com gratidão e buscando extrair o máximo de cada experiência. Não quero deixar que a rotina me engula, que os dias se tornem monótonos e vazios. Cada partida me lembra que a vida é preciosa, que devemos abraçar cada instante com fervor e apreciar as pequenas coisas que nos rodeiam.

A morte silenciosa do meu colega de trabalho desperta em mim uma sensação de urgência, de que o tempo é um recurso finito e valioso. Não posso mais adiar os sonhos que alimento, as metas que desejo alcançar. É hora de agir, de buscar aquilo que traz significado e satisfação à minha existência.

Apesar de não termos sido íntimos, sinto uma pontada de pesar por não ter tido a oportunidade de conhecê-lo melhor, de compartilhar histórias e experiências mais profundas. É uma lição para mim, uma lembrança de que não devemos tomar os relacionamentos como garantidos. Devemos nos esforçar para cultivar conexões genuínas, pois nunca sabemos quando será tarde demais.

Enquanto percorro minha lista de "amigos" no Facebook, observo os perfis de outros conhecidos que partiram, uma triste sequência de rostos que um dia estiveram vivos e cheios de sonhos. É um lembrete contínuo da fragilidade da vida, da impermanência de tudo o que conhecemos.

Mas, mesmo diante dessas despedidas, não quero ser consumido pelo medo ou pela tristeza. Quero lembrar-me de que cada adeus é uma oportunidade de crescimento, de aprender a valorizar o presente e a enxergar a beleza nas coisas simples.

Embora a morte seja uma realidade inevitável, podemos escolher como vivemos até esse momento derradeiro. Podemos nos esforçar para ser pessoas melhores, para aproveitar cada momento, para cultivar relacionamentos verdadeiros e para perseguir nossos sonhos com coragem e determinação.

A morte nos lembra que a vida é uma dádiva efêmera. É um chamado para vivermos plenamente, com autenticidade e propósito. Que possamos encontrar significado em cada amanhecer, apreciar as pessoas que cruzam nosso caminho e buscar a felicidade nas coisas simples e nas conexões humanas, tendo sempre a lembrança de que a vida é preciosa demais para ser desperdiçada e que devemos viver com paixão, compaixão e gratidão.

E assim, seguirei adiante, em busca de uma existência plena e autêntica. Ainda há muito a ser vivido, a ser descoberto. E enquanto enfrento o inevitável desfecho dessa jornada, espero que minha própria partida seja marcada por uma vida bem vivida, repleta de amor, aprendizado e realizações.

Que cada adeus, cada notícia de partida, seja um lembrete para honrar aqueles que se foram, valorizar os que estão ao nosso lado e abraçar a vida com todas as suas incertezas e maravilhas.

Sebastião Marcondes∴
Junho/2023

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