A dualidade das escolhas televisivas


Ultimamente, tenho ouvido com frequência a expressão "não assisto a Globo". Parece que se tornou uma espécie de mantra, uma declaração de independência televisiva. Curioso, porque para mim, a escolha do que assistir vai além de uma simples questão de canal ou ideologia. É sobre qualidade, respeito às pessoas, moral e ética.

Confesso que assisto programas diversos, independentemente do canal de origem. Aprecio a simplicidade e o conhecimento transmitidos pelo Globo Rural, assim como me encanto com as histórias de superação exibidas no Pequenas Empresas Grandes Negócios. Os programas esportivos também têm seu espaço em meu coração, trazendo a paixão e a emoção dos jogos para dentro da minha sala.

Não posso negar que alguns programas da Globo me atraem. O Globo Repórter, por exemplo, com suas histórias inspiradoras e viagens pelo mundo, cativa minha atenção em muitas noites. E algumas excelentes reportagens do Fantástico, também me mantém informado sobre diversos assuntos relevantes.

Contudo, não é apenas a Globo que me prende diante da televisão. Há programas de qualidade em diversos outros canais, cada um com suas características únicas. Não tenho a intenção de limitar minha experiência televisiva a apenas um canal, pois sei que posso encontrar conteúdos interessantes e relevantes em diferentes lugares.

No entanto, existe uma faceta obscura nesse cenário televisivo. Programas como Datena, Aqui Agora e o Linha Direta, por exemplo, possuem um grande número de telespectadores. E o motivo disso, infelizmente, muitas vezes está relacionado à atração que as pessoas sentem pela desgraça alheia. É como se houvesse um prazer mórbido em saber de mortes, bandidos e fofocas negativas. Ao invés de buscar a positividade e o estímulo para melhorar suas próprias vidas, algumas pessoas preferem se comparar aos "piores" que são apresentados na tela.

Isso me faz refletir sobre a dualidade das escolhas televisivas. Enquanto uns buscam conteúdos enriquecedores e inspiradores, outros se deleitam na desgraça e no sensacionalismo. Cabe a cada um de nós fazer a nossa própria seleção, procurando aquilo que nos acrescenta como indivíduos e sociedade.

Talvez seja hora de repensarmos nossos hábitos e direcionarmos nossas energias para programas que nos façam refletir, aprender e nos sentir mais conectados uns com os outros. Afinal, a televisão, assim como qualquer outra forma de mídia, tem um poder imenso de influenciar a maneira como vemos o mundo e as pessoas ao nosso redor.

Em vez de nos prendermos a uma postura fechada, que tal abrirmos nossas mentes para a diversidade de programas disponíveis? Valorizar a qualidade, o conhecimento e o entretenimento construtivo podem nos ajudar a cultivar uma visão mais positiva e empática do mundo, enquanto fugimos da tentação de nos deleitar com o lado negativo da vida alheia.

Portanto, diante de alguém que diz "não assisto a Globo" ou expressões similares, talvez seja válido nos questionarmos: será que essa pessoa está realmente procurando algo melhor em termos de qualidade televisiva, ou está apenas repetindo um mantra sem refletir sobre as diferentes opções disponíveis? Não seria interessante explorar outras programações e valorizar a qualidade do conteúdo, independentemente do canal de origem, ou até mesmo outra mídia, como a leitura, pode abrir horizontes e enriquecer sua experiência pessoal. Afinal, a escolha é nossa e pode fazer toda a diferença em nossa jornada de entretenimento e crescimento.

Sebastião Marcondes∴
Maio/2023

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