Abelhas no ponto de ônibus


No movimentado Setor de Autarquias Sul, localizado no coração de Brasília, ergue-se um ponto de ônibus moderno. Sua estrutura imponente, composta de alumínio reluzente e paredes de vidro translúcido, destaca-se em meio ao fluxo constante de pessoas. Porém, há um segredo escondido nas entranhas dessa construção: uma colmeia abrigada dentro da tubulação.

Enquanto a vida cotidiana segue seu curso, os pedestres apressados caminham em todas as direções, alheios à existência da colmeia, as abelhas dedicam-se a seu trabalho vital, incansável, com admirável colaboração, em perfeita harmonia e com uma notável demonstração de fraternidade. Sem egos ou hierarquias, elas compreendem a importância de unir esforços e compartilhar o fardo coletivo. Coletivamente, elas constroem células de cera com esmero, armazenando néctar e pólen colhidos das flores circundantes. Juntas, elas se comunicam de maneira única, dançando e transmitindo informações sobre as melhores fontes de alimento. Cada abelha desempenha seu papel, em perfeita sincronia, em prol do bem-estar de toda a colônia.

Embora a agitação e o frenesi daquele ambiente moderno distraiam as pessoas, a maioria das pessoas que passa pelo ponto de ônibus não percebe essa intrincada rede de fraternidade que se desenrola dentro de um simples tubo metálico, seus olhares distraídos não captam os movimentos coreografados, as delicadas construções de cera ou a profunda conexão que une essas abelhas. A colmeia permanece como um símbolo silencioso de cooperação e interdependência. Essas pequenas criaturas aladas, que passam despercebidas pelos olhos desatentos, nos lembram da importância da fraternidade em nossas vidas.

Seria encantador se um único instante de pausa pudesse revelar aos transeuntes a surpresa oculta. Se ao olhar mais atentamente, eles fossem agraciados com o vislumbre das abelhas trabalhando com dedicação e fraternidade, eles poderiam ser inspirados a repensar sua própria interação com o mundo ao seu redor.

A colmeia persiste, mesmo sem o reconhecimento humano. Enquanto as pessoas se movem, alheias à existência daquela pequena comunidade vibrante, as abelhas continuam a desempenhar seu papel essencial na polinização das flores e na manutenção do equilíbrio do ecossistema.

Que possamos aprender com essas incansáveis abelhinhas sem ferrão e seu exemplo de fraternidade. Que possamos valorizar o trabalho em conjunto, compreendendo que, ao unir nossos esforços, podemos alcançar grandes realizações. E, quem sabe, ao nos conectarmos com essa energia de cooperação, possamos criar um mundo onde a fraternidade seja a base de nossas ações e relacionamentos.

Assim, naquele ponto de ônibus moderno, em meio à correria diária, a colmeia permanecerá como uma lembrança sutil de que, mesmo nos lugares mais inesperados, a união e o cuidado mútuo podem florescer.


Sebastião Marcondes∴
Maio/2023


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